Assisti a “Birdman” um dia antes do diretor Alejandro González Iñárritu sair da cerimônia do Oscar com as estatuetas de melhor filme, melhor diretor, melhor fotografia e melhor roteiro original. Merecido, muchisimo. E quem viu o filme deve ter notado a música que acompanha os longos planos sequência. Aqueles solos de bateria, livres como no jazz, e muitas vezes com uma pegada funky. São de Antonio Sanchez, baterista mexicano que já acompanhou o guitarrista Pat Metheny mas nunca havia composto nada para o cinema. E olha a coincidência, quando adolescente Antonio escutava na rádio o mesmo Alejandro Iñárritu atuando como DJ (“He played the hippest music in Mexico”, daqui).

Música ousada para um longa metragem, traduzindo a tensão e ansiedade do personagem de Michael Keaton sem o uso de melodias. Merecia um Oscar, certo? Só que não: a Academia considerou-a inelegível para concorrer à categoria de melhor música original, alegando que boa parte do filme usa música erudita (Gustav Mahler e Tchaikovsky) e “Crazy” (Gnarls Barkley) em gravações que são anteriores à produção do filme. Poderiam portanto ter indicado “Birdman” à categoria de melhor trilha sonora, já que não concordaram com melhor música original (“trilha sonora” abarca gravações pré existentes e também a música criada especialmente para o filme).

Online, se encontram poucas sequências do filme com as investidas de Antonio nos couros; o que se acha é principalmente a trilha em separado ou os trailers oficiais. Então curta abaixo um pouco da música de “Birdman” (quem quiser assistir a uma performance sua ao vivo executando todo o score do filme, clique aqui):