Referências / Inspiração

Natura K • Beira Mar (cover de Zé Ramalho)

Para lançar o perfume masculino “K” da Natura, o paraense Saulo Duarte – da banda independente Saulo Duarte e a Unidade – regravou a canção “Beira Mar”, de Zé Ramalho. Originalmente um baião gravado em 1979, aqui ela ganha roupagem de maracatu, com seus tambores pesados e sincopados, e guitarras que remetem ao Mangue Beat dos anos 90. A nova versão foi parar no comercial que o diretor Manuel Nogueira filmou pela Conspiração Filmes, com criação da DPZ&T:

Aqui, o making of da nova versão:

E aqui, a gravação original de Zé Ramalho:

Beck • Up All Night

Beck tá de disco novo. “Colors” é o nome do 13º album de estúdio do artista californiano. A primeira faixa trabalhada é “Up All Night”, um pop preciso que já havia sido usada um ano atrás em um comercial da Swatch (ou seja, bem antes do trabalho inteiro ser finalizado). No clipe, dirigido pela equipe da CANADA (de Barcelona), a atriz Solene Rigot entra em uma armadura magnética para tirar um amigo (ou paquera, whatever) de uma festa mucho loka. Confira:

Percussão corporal em filme de Nestlé Ideal

A Publicis botou na rua uma nova campanha para Nestlé Ideal, marca de composto lácteo vendida no norte e nordeste do país. Com produção da Damasco Filmes e direção de Juliana Curi, a campanha “Força” segue a linha testemunhal, com depoimentos reais de mulheres em suas casas e comunidades.

Gostei muito da trilha, composta unicamente por percussão corporal: palmas, batidas no corpo e estalos de boca. Não tem melodia nem instrumento harmônico nenhum. É música simples, honesta e humana – o que casa com o tema da campanha – além de chamar atenção por ser diferente de estilos musicais óbvios usados em publicidade. Por exemplo, qual seria o resultado caso fosse usado um baião, um axé, uma guitarrada do Pará…? Talvez soasse “mais do mesmo”. Em todo caso a mensagem que a música transmite e agrada:

Sotomayor • Eléctrico

A América Latina é imensamente desconhecida por nós, brasileiros. Quase não sabemos o que nossos vecinos escutam (mas babamos pelo cinema portenho). Imagine então distinguir os sons produzidos acima da linha do Equador? O México, por exemplo: fora o muro do Trump, margaritas y pimientos, Alejandro Iñárritu e narcotraficantes, o que mais sabemos sobre os mexicanos? O que ouvem nas suas playlists? MARIACHIS?!? Não: esse é você, turista de bermuda, no bar escutando aquele trio enquanto desfalece com sua sexta tequila.

Então tire seus lugares comuns de cima do alto falante e escute um pouco de Sotomayor. A dupla do DF (Distrito Federal, Cidade do México) formada pelos irmãos Paulina e Raul Sotomayor lançou no meio do ano seu segundo album, Conquistador. Eles fazem parte de uma cena de música eletrônica imersa nos ritmos tradicionais latinos, e na qual estão o Mexican Institute of Sound, Sonido Gallo Negro e Nortec Collective, por exemplo.

O segundo single retirado de Conquistador foi “Eléctrico”, uma cumbia eletrônica nem raiz nem Nutella, morna, evaporada e enamorada do hip hop. Para quem não conhece, cumbia é o ritmo que define a Colombia fazem uns 70 anos, e que nas duas últimas décadas foi modernizada e se propagou como uma epidemia por toda América Latina – menos o Brasil, claro… Tudo bem, temos o samba e outros dengos, mas o brasileiro nem desconfia o que está perdendo quando ignora a cumbia.

Então chega de papo. Dê o play no video – e não se esqueça de carimbar novos ritmos latinos em seu passaporte e suas playlists.

Mahmundi • Leve

Mahmundi é o codinome de Marcela Vale, cantora carioca da nova geração, com um repertório de canções de amor aconchegantes. Essa “Leve” me chamou a atenção pela melodia pop doce e pela construção do arranjo, montado sobre camadas de guitarra gravadas ao vivo em um loop machine (um pedal que grava um trecho e o repete em ciclos sempre iguais). Entre no clima:

Norah Jones em versão jazzistica de “Black Hole Sun”

Linda essa versão de Norah Jones para o tema emblemático do Soundgarden. Cool, lenta e jazzística, com seu timbre de voz rouco perfeitamente emoldurado por seu piano sofisticado. A cantora tocou “Black Hole Sun” como homenagem ao cantor Chris Cornell, morto 18 de maio passado. Não por coincidência, esse seu registro ao vivo foi feito na mesma Detroit na qual ele se matou.

E uma versão acústica do próprio Chris Cornell: