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Os Muppets – A Vida É Uma Canção (Life’s A Happy Song)

O gênero “musical” em filmes de Hollywood teve sua idade de ouro até os anos 60, com seus números de dança entusiasmantes e sua alegria contagiosa. Representavam muito bem o otimismo norte americano no pós-guerra. Depois, passou a ser uma referência em si, um gênero ao qual muitos diretores retornam como se retorna a uma fonte de água intocada. No novo filme dos estúdios Disney intitulado simplesmente Os Muppets, há vários números musicais, mas o melhor de todos – especialmente pela canção composta por Bret McKenzie – é a sequência abaixo:

Aqui, a versão original em inglês:

http://www.youtube.com/watch?v=t9_zKm2Ewaw

E abaixo, o próprio Bret contracenando com o sapo Caco (Kermit):

Neil Young + Jim Jarmusch – Dead Man

Dead Man (1995) é um quase-western do cineasta Jim Jarmusch, apresentando um Johnny Depp ainda não hypado. O filme merece uma busca: é a estória de um contador enviado por sua firma para cuidar da filial do escritório na Califórnia, terra de ninguém do final do séc. XIX. Óbvio que nada sai como esperado. Não é um faroeste, embora se passe entre indios e pistoleiros: belo filme existencial, no qual a trilha sonora crua de Neil Young, entre o rock e o blues, encontra um território perfeito para preencher o preto-e-branco de Jarmusch. E a música tema:

Gostou? Clique aqui para assistir aos oito primeiros minutos do filme.

Yann Tiersen – Adeus Lenin

O multiinstrumentista francês Yann Tiersen ficou conhecido pela música que compôs para o filme “O Fabuloso Destino de Amélie Poulain“. E dois anos depois criou a trilha sonora para outra película, “Adeus Lenin”, dirigido por Wolfgang Becker. São duas atmosferas musicais bastante diferentes, embora ambas tragam seu minimalismo característico. Aqui, nesta cena do filme alemão, a música é cíclica e crescente, antecipando uma revelação que irá acontecer.

Para quem não assistiu “Adeus Lenin”, é a história de uma alemã oriental fiel ao regime comunista que entra em coma logo antes da queda do muro de Berlim. Quando volta do coma, o médico adverte seus filhos de que ela não pode ter nenhum tipo de desgosto, sob o risco de ter outro ataque cardíaco e não resistir. A partir daí, a familia tem que fingir que tudo está como antes em Berlim oriental, simulando ambientes, situações e produtos que já não existem mais.

Astor Piazolla + Grace Jones – Libertango / I’ve Seen That Face Before

Em uma festa, Grace Jones e Astor Piazolla são colocados juntos na mesma mesa. Após um primeiro momento de estranhamento, a cantora jamaicana e o bandoneonista argentino percebem, um tanto quanto surpresos, que tem algo em comum:

[ Libertango – Astor Piazolla, 1974 ]

[ I’ve Seen That Face Before – Grace Jones, 1981 ]

E se você chamar o cineasta Roman Polanski para a mesma mesa, verá que a sintonia é importada para seu filme “Frantic“(1988):

 

Ryuichi Sakamoto – Bibo No Aozora (tema de Babel)

Quando assisti Babel, do mexicano Alejandro González Iñárritu, fiquei com duas impressões: primeiro, de que a complexa tecelagem de estórias do diretor fora erguida sobre uma pretensão excessiva, em um roteiro que não me convencia das causas e efeitos se sucedendo ao longo da trama. A segunda impressão foi oposta, e puramente emocional – a música. Até hoje ela me faz lembrar de várias sequências. Não é à toa que Babel ganhou o Oscar de melhor trilha sonora em 2007 (parte composta e parte compilada pelo argentino Gustavo Santaolalla).

A música de encerramento, Bibo No Aozora (de Ryuichi Sakamoto, com Jacques Morelenbaum e Everton Nelson, cello e violino) dá vontade de chorar – e isso tem a ver com a triste cena na qual ela se inscreve, infelizmente indisponivel na web por questões de direitos. Ouça duas versões da mesma música, a primeira como aparece no filme, minimalista e dramática, e a segunda somente com Ryuichi ao piano:

All That Jazz • Bye Bye Life

Quando se pensa em “All That Jazz”, filme do coreógrafo Bob Fosse de 1979, a música que logo vêm à mente é o hit de George Benson, “On Broadway“.

Mas para mim a melhor tradução desse filme que eu adoro é a música final, “Bye Bye Life” (originalmente, “Bye Bye Love”, canção de 1957 de Boudleaux Bryant e Felice Bryant e que teve sua letra modificada para melhor servir ao filme de Fosse). Nela, o personagem Joe Gideon (interpretado por Roy Scheider) sobe ao palco em seu delirio antes de morrer. Coreógrafo workaholic sofrendo do coração, Gideon vê sua própria morte como um número musical, esfuziante e apoteótico.

É genial o contraste entre a alegria intrínseca da Broadway e a iminência trágica da morte. A energia ‘disco’ da canção não se deixa abalar por sua letra, e isso é o que há de tão especial nessa cena: “Bye bye life / Bye bye happiness / Hello loneliness / I think I’m gonna die / Bye bye love/ Bye bye sweet caress / Hello emptiness/ I feel like I could die”.