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Björk – Vulnicura (album)

A duende islandesa Björk lançou em janeiro seu nono disco de estúdio, Vulnicura, e foi soltando os clipes aos poucos (já que o lançamento teve que ser antecipado pelo vazamento na rede, e a criação dos mesmos ainda não estava terminada). Produzido a várias mãos pelo venezuelano Arca, pelo britânico The Haxan Cloak (nome artístico de Bobby Krlic) e pela própria Björk, Vulnicura equilibra eletrônica e arranjos orquestrais na mesma dose. Por exemplo, “Family” se inicia com um violino em um tenso spiccato (técnica em que o arco pula seco e rápido entre cada nota), para no minuto seguinte entrarmos em um clima etéreo de ambient music com camas de synths e cordas:

“Black Lake” se inicia com um quarteto de cordas em andamento lento sustentando a melancolia da canção. Beats eletrônicos quebrados vão entrando aos poucos, minimais, sem nunca tomar a música por completo. Tudo é muito esparso, cheio de espaços e respiros, e somente aos quatro minutos a música cresce de verdade e explode – para voltar ao repouso em seguida, como um movimento de marés:

“Lionsong” é uma das canções com melodia mais “assobiáveis” do album. O que não é pouco, em um trabalho experimental e denso como Vulnicura. Assobiável mas com sete minutos de duração. Definitivamente não estamos no território do pop, mas em suas fronteiras:

Junto com o album, The Haxan Cloak foi convidado pela cantora para remixar alguma das faixas, e escolheu “Mouth Mantra”:

Taraf de Haïdouks • Latcho Drom

Violinos, sanfonas, flauta, contrabaixo e um cimbalom tocando o terror em um pequeno vilarejo no meio dos Balcans: esse é o Taraf de Haïdouks, grupo cigano da Romenia que gravou seu primeiro album no inicio dos anos 90 e que, apesar da idade avançada de alguns de seus integrantes, é famoso por sua vitalidade e virtuosismo. Frenéticos e absurdos.

Abaixo, um trecho do filme “Latcho Drom” (“Viagem Segura”, 1993), do diretor francês Tony Gatlif, e as músicas são uma suite variada, muitas das quais presentes no album “Musique des Tziganes de Roumanie” (1995). Que eu tenho, por acaso. E que você também precisa ter.

Astor Piazzolla / Kronos Quartet • Five Tango Sensations

Em 1989 Astor Piazzolla compôs uma suite de cinco peças para o Kronos Quartet, quarteto de câmara norte americano que desde 1973 trabalha em cima do repertório de compositores contemporâneos. A suite foi batizada de “Five Tango Sensations”, cinco peças dramáticas como todo o repertório do mestre do tango moderno. “Asleep”, “Loving”, “Anxiety”, “Despertar” e “Fear” são os nomes das peças. Foi a última gravação de estúdio do bandoneonista (Piazzolla morreu em 1992). Abaixo você pode assistir a uma de minhas preferidas, “Loving” (infelizmente não existem videos on line com as apresentações de Piazzola acompanhado pelo Kronos Quartet).

Andrew Bird • Give It Away

Give It Away, faixa do album “Break It Yourself” (lançado em março) do cantor/compositor/violinista Andrew Bird ganhou ontem sua versão em clipe. O curioso da canção é um procedimento pouco comum na música atual: a mudança de andamento entre suas partes. Ela se inicia com os leves pizzicatos do violino de Andrew tecendo uma atmosfera delicada para, após um breque, engatar um andamento mais rápido em um quase-country com sabor anos 60 – cairia muito bem na voz de George Harrison, por exemplo.

E já que o assunto é violino, vale conferir a performance de Andrew também em sua versão da folk Plasticities (do album “Armchair Apocrypha”) para o From The Basement, site com especiais musicais do produtor Nigel Godrich (Radiohead, U2). Aqui, ele mostra seu incrivel e controlado dominio técnico assobiando e brincando com o violino na echo box (que permite gravar e somar melodias sucessivas ao vivo), para criar várias camadas de sons.

Silva • A Visita

O capixaba Lucio Silva Souza, ou simplesmente Silva, vem sendo incensado por seu talento em vários blogs musicais brasileiros desde que lançou seu EP (homônimo) em 2011. Violinista, cantor e compositor que se apresentou no festival Sónar SP em maio deste ano, lança agora seu primeiro clip, dirigido por Zico Farina e Fernanda Fernandes, para a faixa A Visita. Cantor de voz suave, o que chama a atenção é sua mão para criar um repertório ao mesmo tempo brasileiro nas composições e aberto ao mundo nas referências experimentais contemporâneas. Por exemplo, em A Visita é dificil não ler no arranjo ecos do Beirut de Zach Condon – enquanto que a melodia/harmonia da segunda parte é totalmente velha guarda brasileira. Ou nos timbres eletrônicos, metalofones e coros de 12 de Maio, como não perceber o quanto Silva está à vontade com o universo indie – mantendo, novamente, a brasilidade na melodia. Então:

Update: a agência de publicidade Peralta utilizou esse tema de Silva em um filme para a linha Sou da Natura. Confira: