Fui assitir “Interestelar” de Christopher Nolan bem depois de seu lançamento nos cinemas. Que pena que perdi a grandiosidade desse espetáculo em uma tela grande, mas ficou o consolo de poder ver e rever no computador esse casamento perfeito entre seu balé imagético e a música poderosa do alemão Hans Zimmer (com quem Nolan já trabalhou em “Inception” e na trilogia de Batman).
Uma das cenas mais marcantes do filme é quando a tripulação da espaçonave Endurance aterrisa em Miller, um planeta coberto por água. Nessa sequência, a música começa sutil, como um tique-taque de relógio, e vai crescendo junto com a tensão do que está prestes a acontecer. E que é colossal. Orquestra e um órgão (referência a “Also Sprach Zaratustra” de Richard Strauss, famoso tema da abertura de “2001” de Stanley Kubrick) fazem pulsar uma massa sonora que acompanha a ação da tela. Veja que interessante: o pulso metronômico da música, sua analogia com um relógio, sublinha um dos elementos importantes da trama, que é a passagem do tempo.
O órgão aparece em vários momentos do filme (como aqui) e é um dos elementos de maior dramaticidade do “score”. Além de “2001”, esse órgão é também uma referência a “Koyaanisqatsi” (1982), filme de Godfrey Reggio com música de Philip Glass e no qual a temática é basicamente a mesma de “Interestelar”: a sobrevivência da vida no planeta Terra. Essa homenagem ao minimalismo de Glass fica evidente quando se compara a cadência do tema de abertura em “Koyaanisqatsi” com o que Hans Zimmer compôs para o encerramento do filme de Christopher Nolan, e que é um tema que aparece também em outros momentos do filme:
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