The White Stripes, The Raconteurs, The Dead Weather, e finalmente Jack White em carreira solo. Um dos mais prolíficos músicos americanos de sua geração lançou em abril seu primeiro album solo, “Blunderbuss”, através de seu próprio selo Third Man Records, após liderar todos os projetos anteriores. “Blunderbuss” vem sendo elogiado e criticado pelo mesmo motivo: é um disco de tantos gêneros que por vezes parece uma colcha de retalhos – o que pode ser negativo mas também indica a intimidade que White tem com as tradições do rock, country e blues. Curioso (e sintomático dos nossos tempos) como seu talento vem da recombinação dessas tradições musiciais americanas, extraindo delas seus melhores clichês. Um bom exemplo é uma das melhores faixas do album, “Sixteen Saltines”, um hard rock com a guitarra ligada no último volume do amplificador. Confira:
Thom Hanreich / Pina Bausch – Tied Down
“Pina“, de Wim Wenders, é uma das coisas mais belas a que tive a oportunidade de assistir no cinema nos últimos tempos. Já achava o trabalho da coreógrafa Pina Bausch de tirar o fôlego (pude vê-la quando sua companhia se apresentou no Brasil poucas antes de morrer). Quem não assistiu ao filme de Wim Wenders tem a obrigação de fazê-lo. A trilha sonora das coreografias é fantástica. Uma das músicas que mais gostei foi a dramática “Tied Down”, do alemão Thom Hanreich:
Abaixo, a faixa completa:
Father John Misty – Nancy From Now On
Talvez Nancy From Now On seja a música mais anos ’70 de 2012. Pelo menos uma das melhores canções pop não-dançantes do ano. O responsável por ela é Joshua Tillman, ex-baterista dos Fleet Foxes, de Seattle, que partiu em carreira solo adotando o nome de Father John Misty. E lançou, pelo icônico selo SubPop (do Nirvana e Soundgarden), seu album “Fear Fun”, um passeio pelo folk, country e rock de 40 anos atrás – a era clássica. “Fear Fun” é bom, mas Nancy From Now On é melhor ainda. Nostálgica, decalca perfeitamente o estilo e melodias daquela década. Melancólica, perfeita na voz aveludada de Joshua, que ataca: “Oh, pour me another drink/ And punch me in the face/ You can call me Nancy” (“Dê-me outro drinque/ E acerte-me na cara/ Você pode me chamar de Nancy”). Daqui pra frente ele padecerá no purgatório do amor, destituído de qualquer autoestima e maltratado no clip da música – um video que desloca o romantismo e o tom meloso da canção para um campo menos óbvio, mas que traduz perfeitamente seu espirito.
CSLSX + I Break Horses – Violent Sea / Keep On Shining
Violent Sea é climática, sofisticada e hipnótica. Bela criação de CSLSX, um coletivo de músicos que não costuma revelar a identidade e que trabalha com outros artistas, como a dupla sueca I Break Horses em Violent Sea (que me lembra muito as músicas do trio Cocteau Twins):
Ou na faixa de andamento médio e timbres dos anos 80 Keep On Shining:
Explosions In The Sky – Postcard From 1952
Provavelmente este é um dos melhores clipes do ano, no minimo um dos mais bem filmados (direção de Peter Simonite e Annie Gunn). A música é a climática Postcard From 1952, balada do quarteto texano Explosions In The Sky presente no album “Take Care, Take Care, Take Care”. É um tema em duas partes, embalado pela edição em super slow motion do video. A primeira parte começa misteriosa, conduzida por uma sequência simples de três acordes de guitarra. Pouco antes da metade a bateria aparece e introduz uma levada explosiva e apoteótica. Confira:
Elton John – Tiny Dancer em Quase Famosos (Almost Famous)
Em Quase Famosos (Almost Famous, direção de Cameron Crowe, 2000) há uma cena excepcional em que a música assume o comando da cena: a banda Stillwater pega a estrada, a melancolia cai sobre todos, a canção “Tiny Dancer” de Elton John começa a soar em off. Poderia ser mais uma daquelas cenas piegas em que a música “narra” as emoções dos personagens, mas de repente eles começam a cantá-la, de uma forma engraçada e ao mesmo tempo emocionante.
Aqui, Elton John interpretando sua criação:
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