Referências / Inspiração

Mungo Jerry – In The Summertime na publicidade

Não, eu nunca havia escutado “In The Summertime” até há bem pouco tempo atrás. Me julguem.
Esse mega hit da banda britânica Mungo Jerry, lançado em 1970, é alto astral até a última nuvem lá do céu. É divertido e relaxado, e muito disso graças à voz rouca e original do cantor Ray Dorset. Também graças ao fato de “In The Summertime” se alinhar com toda a tradição do blues e do stride piano jazzístico, sendo uma espécie de releitura não-purista desses gêneros. O banjo country da música também dá um toque de humor e leveza à faixa – que, aliás, foi praticamente o único sucesso do grupo. Então, se você como eu não conhecia essa pérola da passagem dos ’60 para os ’70, ouça aqui. E veja como tem sido seu uso na publicidade ao longo dos anos:

Para vender cruzeiros marítimos, um cover com algumas alterações na letra (2015):

Em 1992, a música lembrava do perigo de beber e dirigir:

E em 1973, sua letra adaptada vendia molho de tomate, em comercial da Ogilvy & Mather:

Nina Simone para Ford: I Wish I Knew How It Would Feel To Be Free

Nina Simone, cool como sempre, dando um fino toque de humor ao filme da Ford que acabou de estrear: é como sua música funciona. De onde vem o humor? Não de Nina, mas das situações mostradas no filme, de pessoas ridiculamente presas em situações cotidianas – e a chamada da montadora é que ela está desenvolvendo novas formas de libertar os donos de seus carros, com a ajuda de novas tecnologias.

Aqui, “I Wish I Knew How It Would Feel To Be Free”, interpretada ao vivo pela cantora e pianista simbolo dos movimentos feminista e dos direitos civis nos anos 60:

Jóhann Jóhannsson e a música de A Chegada (Arrival)

“A Chegada”, do diretor Denis Villeneuve, conta a história de aliens que aparecem em nosso planeta e da tentativa de se comunicar com eles. Para isso o governo norte americano chama uma linguista (a atriz Amy Adams) que possa decifrar a linguagem dos visitantes e estabelecer contato.

Repare na forma que o compositor islandês Jóhann Jóhannsson escolheu para criar a trilha sonora do filme: usando o canto, em melodias sem letra, explorando apenas as sonoridades possíveis da nossa voz. O resultado se aproxima do minimalismo climático e da ambient music, sonoridades que já foram avant garde mas são muito comuns no cinema atual. Veja os comentários de Jóhann sobre o processo de criação da trilha:

E aqui, umas das músicas do filme, misturando vozes e sons sintéticos:

Mano Brown (com Lino Krizz) – Gangsta Boogie

“Fiz um boogie pra você entender”. Entender o quê? Que Mano Brown não é só rap. Que tem uma história que vem desde os anos 80, aos bailes black, ao charme e ao funk old school.

É que ele acaba de lançar seu primeiro album solo, “Boogie Naipe”, paralelamente ao seu trabalho com os Racionais MC’s. E é um disco todo baseado nessas sonoridades do funk oitentista, com muitos synths e aqueles timbres tipicos das drum machines da época.

Em “Gangsta Boogie”, quem canta é o convidado Lino Krizz – nas diversas faixas já disponibilizadas na web, Mano Brown cede as melodias a convidados e manda ver mesmo é nas rimas do rap, a sua praia. Entre os convidados estão Wilson Simoninha e seu irmão Max de Castro, Seu Jorge, William Magalhães (um dos fundadores da Banda Black Rio), Hyldon e Carlos Dafé, esses dois últimos cantores da cena black e samba-rock dos anos 70. Soltaê, DJ:

Dolly Parton + Pentatonix – Jolene

Minha referência mais clara de Dolly Parton foi seu papel na comédia “Como Eliminar Seu Chefe” (1980), para o qual gravou o tema “Nine To Five“. Agora fiquei sabendo que a cantora country está chamando a atenção com uma regravação a capella de seu hit “Jolene”, original de 1974, feita junto com o quinteto vocal Pentatonix (de cujo integrante virtuose Kevin Olusola qual já escrevi aqui antes). O que acho mais legal é ouvir um tema country, com aquele andamento meio galopado, mas em uma roupagem Doo Wop a capella. Saca só:

Karol Conka – Maracutaia

A curitibana Karol Conka ainda não lançou seu próximo album solo, mas uma das faixas já ganhou clipe e foi solta na rede: é “Maracutaia”, com produção do duo Tropkilazz (os DJs André Laudz e Zé Gonzalez, este último ex-integrante do N.A.S.A.) mais o produtor musical David Marroquino. Carregada nas percussões brasileiras de Pretinho da Serrinha, “Maracutaia” é um samba rap levemente eletrônico, muito mais “música de banda” do que de DJ – o que é um diferencial no território atual do hip hop, rap e funk nacionais.

No filme, dirigido por Brendo + Gofiantini pela Paranoid, Karol narra o cotidiano de um casal (interpretado por Lázaro Ramos e Taís Araújo), com figurinos e fotografia caprichados.

Update: a dupla de diretores da Paranoid chamou Karol para estrelar recentemente este filme de Avon: