“A Chegada”, do diretor Denis Villeneuve, conta a história de aliens que aparecem em nosso planeta e da tentativa de se comunicar com eles. Para isso o governo norte americano chama uma linguista (a atriz Amy Adams) que possa decifrar a linguagem dos visitantes e estabelecer contato.
Repare na forma que o compositor islandês Jóhann Jóhannsson escolheu para criar a trilha sonora do filme: usando o canto, em melodias sem letra, explorando apenas as sonoridades possíveis da nossa voz. O resultado se aproxima do minimalismo climático e da ambient music, sonoridades que já foram avant garde mas são muito comuns no cinema atual. Veja os comentários de Jóhann sobre o processo de criação da trilha:
E aqui, umas das músicas do filme, misturando vozes e sons sintéticos:
Comercial para Nike dirigido por Steve Rogers pela produtora Biscuit Filmworks para Wieden & Kennedy. Repare n trilha emocional, conduzida apenas por um piano. Sem orquestras nem instrumentos adicionais. O tema, minimalista e cinemático, vai crescendo à medida em que o filme progride. Simples e bem executado.
Fui assitir “Interestelar” de Christopher Nolan bem depois de seu lançamento nos cinemas. Que pena que perdi a grandiosidade desse espetáculo em uma tela grande, mas ficou o consolo de poder ver e rever no computador esse casamento perfeito entre seu balé imagético e a música poderosa do alemão Hans Zimmer (com quem Nolan já trabalhou em “Inception” e na trilogia de Batman).
Uma das cenas mais marcantes do filme é quando a tripulação da espaçonave Endurance aterrisa em Miller, um planeta coberto por água. Nessa sequência, a música começa sutil, como um tique-taque de relógio, e vai crescendo junto com a tensão do que está prestes a acontecer. E que é colossal. Orquestra e um órgão (referência a “Also Sprach Zaratustra” de Richard Strauss, famoso tema da abertura de “2001” de Stanley Kubrick) fazem pulsar uma massa sonora que acompanha a ação da tela. Veja que interessante: o pulso metronômico da música, sua analogia com um relógio, sublinha um dos elementos importantes da trama, que é a passagem do tempo.
O órgão aparece em vários momentos do filme (como aqui) e é um dos elementos de maior dramaticidade do “score”. Além de “2001”, esse órgão é também uma referência a “Koyaanisqatsi” (1982), filme de Godfrey Reggio com música de Philip Glass e no qual a temática é basicamente a mesma de “Interestelar”: a sobrevivência da vida no planeta Terra. Essa homenagem ao minimalismo de Glass fica evidente quando se compara a cadência do tema de abertura em “Koyaanisqatsi” com o que Hans Zimmer compôs para o encerramento do filme de Christopher Nolan, e que é um tema que aparece também em outros momentos do filme:
O Piano (The Piano) é um filme de 1993 escrito e dirigido por Jane Campion. Sua trilha sonora, composta pelo inglês Michael Nyman, venceu o Globo de Ouro. Merecido. Algum prêmio teria que levar, já que a música (e o piano) são a matéria prima original em torno da qual se movem os personagens, especificamente Ada (interpretada por Holly Hunter) e George (Harvey Keitel).
Na cena abaixo, Ada reencontra seu instrumento musical, deixado à beira da praia após ela se mudar para a Nova Zelândia e ter seu piano “barrado” pelo futuro marido, que não se interessa em transportar a pesada carga até sua casa. A música está a meio caminho entre o repertório pianístico do romantismo e os procedimentos minimalistas de Michael Nyman, compositor que foi fundamental na construção da filmografia do também britânico Peter Greenaway (Afogando em Números, O Cozinheiro O Ladrão Sua Mulher E O Amante, Os Livros De Próspero).
Nils Frahm é daqueles músicos que conheci por acaso, no Spotify. Pianista alemão, usa sua técnica de músico erudito para criação de temas minimalistas, intimistas e que se adequam muito bem a diversas sequências cinematográficas.
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