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Netflix chama Hans Zimmer para seu novo tema musical – exclusivo para os cinemas

Na telinha de casa, abrimos a Netflix, escolhemos o que assistir e… TUDUM! Surge aquela abertura curta, simples e eficaz. Dois ataques sonoros de um mesmo acorde, enquanto se forma o N inicial da empresa, pra se desintegrar em seguida em listras coloridas. Agora, imagine essa vinheta de abertura nas salas de cinema, logo antes de uma produção Netflix começar: funcionaria como na TV, celular ou tablet? Ou ficaria minúscula, comparada às aberturas épicas que estamos acostumados, como à do nosso planeta sob o logo da Universal (composta por Jerry Goldsmith em 1997) ou à clássica fanfarra da 20th Century Fox (composta por Alfred Newman em 1933)?

Na salona, quanto maior, melhor. Por isso a Netflix chamou o mais bombástico compositor de música para cinema da atualidade, Hans Zimmer, para criar o tema musical de seus créditos de abertura – exclusivamente nas produções que forem exibidas na telona. A música tem a inconfundível assinatura do compositor alemão (que também criou o score para Interestellar, Dunkirk, Inception, O Rei Leão e Batman – O Cavaleiro das Trevas entre outros): é épica e traz certa carga de tensão, graças ao nervosismo das cordas e a uma dissonância entre a harmonia e o ostinato (melodia repetitiva) dos violinos. A cadência de acordes F7+ | Db | Bb | Db | F7+ demora 16 segundos pra se resolver, o que aumenta a espera (expectativa) pelo final da vinheta – em cinema, retardar a conclusão de uma sequência agitada é um dos truques para amplificar a tensão do espectador, deixando-o colado na poltrona se perguntando “e agora, o que virá??”.

Confira abaixo como ficou essa abertura, e logo depois, a que estamos acostumados. Compare ambas para entender porque a Netflix precisava adaptar sua conhecida vinheta na hora de entrar nos cinemas:

Björk – Vulnicura (album)

A duende islandesa Björk lançou em janeiro seu nono disco de estúdio, Vulnicura, e foi soltando os clipes aos poucos (já que o lançamento teve que ser antecipado pelo vazamento na rede, e a criação dos mesmos ainda não estava terminada). Produzido a várias mãos pelo venezuelano Arca, pelo britânico The Haxan Cloak (nome artístico de Bobby Krlic) e pela própria Björk, Vulnicura equilibra eletrônica e arranjos orquestrais na mesma dose. Por exemplo, “Family” se inicia com um violino em um tenso spiccato (técnica em que o arco pula seco e rápido entre cada nota), para no minuto seguinte entrarmos em um clima etéreo de ambient music com camas de synths e cordas:

“Black Lake” se inicia com um quarteto de cordas em andamento lento sustentando a melancolia da canção. Beats eletrônicos quebrados vão entrando aos poucos, minimais, sem nunca tomar a música por completo. Tudo é muito esparso, cheio de espaços e respiros, e somente aos quatro minutos a música cresce de verdade e explode – para voltar ao repouso em seguida, como um movimento de marés:

“Lionsong” é uma das canções com melodia mais “assobiáveis” do album. O que não é pouco, em um trabalho experimental e denso como Vulnicura. Assobiável mas com sete minutos de duração. Definitivamente não estamos no território do pop, mas em suas fronteiras:

Junto com o album, The Haxan Cloak foi convidado pela cantora para remixar alguma das faixas, e escolheu “Mouth Mantra”:

Hans Zimmer – Interestelar (trilha sonora do filme)

Fui assitir “Interestelar” de Christopher Nolan bem depois de seu lançamento nos cinemas. Que pena que perdi a grandiosidade desse espetáculo em uma tela grande, mas ficou o consolo de poder ver e rever no computador esse casamento perfeito entre seu balé imagético e a música poderosa do alemão Hans Zimmer (com quem Nolan já trabalhou em “Inception” e na trilogia de Batman).

Uma das cenas mais marcantes do filme é quando a tripulação da espaçonave Endurance aterrisa em Miller, um planeta coberto por água. Nessa sequência, a música começa sutil, como um tique-taque de relógio, e vai crescendo junto com a tensão do que está prestes a acontecer. E que é colossal. Orquestra e um órgão (referência a “Also Sprach Zaratustra” de Richard Strauss, famoso tema da abertura de “2001” de Stanley Kubrick) fazem pulsar uma massa sonora que acompanha a ação da tela. Veja que interessante: o pulso metronômico da música, sua analogia com um relógio, sublinha um dos elementos importantes da trama, que é a passagem do tempo.

O órgão aparece em vários momentos do filme (como aqui) e é um dos elementos de maior dramaticidade do “score”. Além de “2001”, esse órgão é também uma referência a “Koyaanisqatsi” (1982), filme de Godfrey Reggio com música de Philip Glass e no qual a temática é basicamente a mesma de “Interestelar”: a sobrevivência da vida no planeta Terra. Essa homenagem ao minimalismo de Glass fica evidente quando se compara a cadência do tema de abertura em “Koyaanisqatsi” com o que Hans Zimmer compôs para o encerramento do filme de Christopher Nolan, e que é um tema que aparece também em outros momentos do filme:

O Grande Hotel Budapeste

[ Atualizando: esse filme ganhou o prêmio de melhor Trilha Sonora Original no Oscar 2015 ]

Que filme maravilhoso é “O Grande Hotel Budapeste” de Wes Anderson. Melhor ainda ver como a música original de Alexandre Desplat contribui para que o conjunto ganhe em dramaticidade e humor.

Não assitiu? Veja. Baixe, alugue, empreste, se vire. E curta a música (abaixo), que é uma mistura de atmosferas do leste europeu, músicas agitadas e dançantes, polkas folclóricas e temas orquestrais que não são nada do que se costuma utilizar hoje em dia como “música cinemática”. Ou seja, é uma trilha sonora grandiosa sem ser épica, bem humorada sem ser ridicula. O que significa dizer que se ajusta perfeitamente no espirito do filme, ambientado na Europa oriental na primeira metade do séc. XX.

Por exemplo, o tema principal, tenso:

Agora, o mesmo tema aplicado sob uma das cenas:

Que tal sair dançando freneticamente? Experimente:

E essa estória de “música do leste europeu”? Ouça por exemplo o tema do Sr. Moustafa (narrador da estória), executado por um instrumento muito comum nos Balcans chamado cimbalom:

Apple – Perspective

Mais um video corporativo da Apple com trilha sonora cinemática e orquestral. Belissimamente filmado e com uma música inspiradora de fazer brilhar os olhos.

Apple • “1.24.14” para comemorar os 30 anos de lançamento do Macintosh

Em 1984, Ridley Scott dirigiu o famoso comercial da Apple anunciando o lançamento de seu novo computador, o Macintosh. Trinta anos depois, seu filho Jake dirige o comercial (lançado hoje, dia 03) em comemoração a essa data. Foi batizado de “1.24.14“, pois toda sua filmagem aconteceu 24 de janeiro, com 15 equipes espalhadas ao redor do mundo, gravando exclusivamente em iPhones. Enquanto filmavam, as imagens eram transmitidas para o diretor, que acompanhava e dirigia tudo remotamente.

A trilha orquestral é cinematográfica, crescente e emocionante, ilustrando perfeitamente a ideia da companhia: mostrar que o Macintosh – e a Apple -, surgidos com a inspiração de aproximar a tecnologia das pessoas, consegue atualmente dar a elas poder e criatividade através dessa mesma tecnologia.