Faz um bom tempo que admiro a comunicação do The New York Times, seja em seus podcasts (Caliphate e 1619) seja na forma como pensam o futuro do jornalismo a partir de novas tecnologias (Research & Development). O jornal lançou agora um filme que reforça a percepção do quanto o NYT busca um papel de vanguarda na relação com seus leitores e com os tempos atuais. É uma peça formal, no melhor sentido da palavra: abraça a FORMA com vigor, para paradoxalmente conseguir comunicar a importância do CONTEÚDO. No caso do NYT, sabemos o quanto investem em seus talentos para que atinjam um equilíbrio entre boa forma e bom conteúdo.
Extensão da campanha “The Truth Is Essential”, com criação da agência Droga5 e direção da australiana Kim Gehrig, o filme intitulado “The Truth Is Essential: Life Needs Truth” é uma peça ousada e que prende a atenção ao longo de seus 2’20”. Nele, os títulos de cerca de 100 matérias são usados como versos de um poema que costura som e imagens, em um trabalho delicado de edição – que já começa bem, usando os incríveis arquivos fotográficos de seus talentosos profissionais.
E, claro, não poderiam faltar os sons de um teclado digitando os títulos das reportagens, de uma forma percussiva e persuasiva.
A música tem um papel fundamental no filme, não apenas por ditar o ritmo mas também pelo clima de estranhamento que confere ao filme. A trilha sonora do baterista e produtor Makaya McCraven é crua e minimalista, pelada e vazia em seus espaços, composta apenas pelo rufar de seus couros, por um sample de trumpete e por uma atmosfera cinemática de synths e pianos que acompanham o desenrolar das palavras e imagens.
Assistam e depois me digam: em que lugar da publicidade a gente encontra algo assim?
Em poucos.
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