Ontem à noite assisti à abertura do All Star Game da NBA, uma partida-exibição com os melhores jogadores de basquete dos Estados Unidos, realizada em New Orleans. As equipes foram apresentadas pelo The Roots, grupo de hip hop e black music na ativa há 30 anos. E eles botaram a casa abaixo: saindo do rock’n’roll dos anos 50 até a música contemporânea, contaram – e tocaram – um pouco da história do basquete americano e falaram da carreira dos jogadores, com rimas afiadas (é melhor você saber inglês). Sete minutos inesquecíveis:
BaianaSystem com Apple: Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua
Em 1972 Sérgio Sampaio inscreveu sua “Eu Quero É Botar Meu Bloco Na Rua” no IV Festival Internacional da Canção. A canção fez sucesso com sua letra metafórica contra a ditadura militar (quem ia para a rua, ora ora, era o bloco armado do exército, não a sociedade civil).
Agora, a Apple lançou um filme totalmente feito no iPhone7 Plus usando esse tema de Sérgio Sampaio, só que na versão contemporânea, laqueada no rap, eletrônica e pesada do BaianaSystem junto com a rapper de São Bernardo do Campo Yzalú. O clipe foi feito em stop motion pela produtora VetorZero, tendo o carnaval de Olinda como inspiração. Sensacional!
Aqui, a versão original de 1972:
Mano Brown (com Lino Krizz) – Gangsta Boogie
“Fiz um boogie pra você entender”. Entender o quê? Que Mano Brown não é só rap. Que tem uma história que vem desde os anos 80, aos bailes black, ao charme e ao funk old school.
É que ele acaba de lançar seu primeiro album solo, “Boogie Naipe”, paralelamente ao seu trabalho com os Racionais MC’s. E é um disco todo baseado nessas sonoridades do funk oitentista, com muitos synths e aqueles timbres tipicos das drum machines da época.
Em “Gangsta Boogie”, quem canta é o convidado Lino Krizz – nas diversas faixas já disponibilizadas na web, Mano Brown cede as melodias a convidados e manda ver mesmo é nas rimas do rap, a sua praia. Entre os convidados estão Wilson Simoninha e seu irmão Max de Castro, Seu Jorge, William Magalhães (um dos fundadores da Banda Black Rio), Hyldon e Carlos Dafé, esses dois últimos cantores da cena black e samba-rock dos anos 70. Soltaê, DJ:
Karol Conka – Maracutaia
A curitibana Karol Conka ainda não lançou seu próximo album solo, mas uma das faixas já ganhou clipe e foi solta na rede: é “Maracutaia”, com produção do duo Tropkilazz (os DJs André Laudz e Zé Gonzalez, este último ex-integrante do N.A.S.A.) mais o produtor musical David Marroquino. Carregada nas percussões brasileiras de Pretinho da Serrinha, “Maracutaia” é um samba rap levemente eletrônico, muito mais “música de banda” do que de DJ – o que é um diferencial no território atual do hip hop, rap e funk nacionais.
No filme, dirigido por Brendo + Gofiantini pela Paranoid, Karol narra o cotidiano de um casal (interpretado por Lázaro Ramos e Taís Araújo), com figurinos e fotografia caprichados.
Update: a dupla de diretores da Paranoid chamou Karol para estrelar recentemente este filme de Avon:
Emicida – Boa Esperança
Com produção da bigBonsai junto à Laboratório Fantasma e direção de Katia Lund (“Cidade de Deus”) e João Wainer (“Junho”), foi lançado ontem o novo clipe do Emicida, “Boa Esperança”. A música antecede o próximo disco do MC, ainda sem previsão de lançamento, e que tem participações de Caetano Veloso e Vanessa da Mata.
A música? Porrada. O clipe? Porrada. Os maus tratos de uma patroa contra sua doméstica são o estopim para uma revolta dos empregados na mansão aonde trabalham. No clipe atuaram a mãe de Emicida, dona Jacira (que já foi doméstica e aparece queimando o varal da casa) e os filhos de Mano Brown, Jorge e Domênica Dias (de dreadlocks roxos). Além do próprio Emicida como o vigia do condominio.
Kendrick Lamar – King Kunta
“King Kunta” é o terceiro single do album “To Pimp A Butterfly”, de Kendrick Lamar. É rap, hip hop, e funky pra caramba. Por “funky” eu quero dizer com as raízes fincadas na black music dos anos 70. Desde a interpretação de Lamar, lembrando James Brown (e também pelo uso do flexatone, instrumento de percussão usado em várias músicas do chefão) até a inserção do refrão “We want the funk”, da faixa “Give Up the Funk (Tear the Roof off the Sucker)” do Parliament.
Sabe do que eu gosto em “King Kunta”? Do jeito como a música vai crescendo, se desdobrando e ganhando corpo. Algo bem diferente da norma no hip hop – e na música feita com muita eletrônica e samples, em geral. Vai DJ:
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