CAT:17 Monthly archive agosto 2017

Percussão corporal em filme de Nestlé Ideal

A Publicis botou na rua uma nova campanha para Nestlé Ideal, marca de composto lácteo vendida no norte e nordeste do país. Com produção da Damasco Filmes e direção de Juliana Curi, a campanha “Força” segue a linha testemunhal, com depoimentos reais de mulheres em suas casas e comunidades.

Gostei muito da trilha, composta unicamente por percussão corporal: palmas, batidas no corpo e estalos de boca. Não tem melodia nem instrumento harmônico nenhum. É música simples, honesta e humana – o que casa com o tema da campanha – além de chamar atenção por ser diferente de estilos musicais óbvios usados em publicidade. Por exemplo, qual seria o resultado caso fosse usado um baião, um axé, uma guitarrada do Pará…? Talvez soasse “mais do mesmo”. Em todo caso a mensagem que a música transmite e agrada:

Sotomayor • Eléctrico

A América Latina é imensamente desconhecida por nós, brasileiros. Quase não sabemos o que nossos vecinos escutam (mas babamos pelo cinema portenho). Imagine então distinguir os sons produzidos acima da linha do Equador? O México, por exemplo: fora o muro do Trump, margaritas y pimientos, Alejandro Iñárritu e narcotraficantes, o que mais sabemos sobre os mexicanos? O que ouvem nas suas playlists? MARIACHIS?!? Não: esse é você, turista de bermuda, no bar escutando aquele trio enquanto desfalece com sua sexta tequila.

Então tire seus lugares comuns de cima do alto falante e escute um pouco de Sotomayor. A dupla do DF (Distrito Federal, Cidade do México) formada pelos irmãos Paulina e Raul Sotomayor lançou no meio do ano seu segundo album, Conquistador. Eles fazem parte de uma cena de música eletrônica imersa nos ritmos tradicionais latinos, e na qual estão o Mexican Institute of Sound, Sonido Gallo Negro e Nortec Collective, por exemplo.

O segundo single retirado de Conquistador foi “Eléctrico”, uma cumbia eletrônica nem raiz nem Nutella, morna, evaporada e enamorada do hip hop. Para quem não conhece, cumbia é o ritmo que define a Colombia fazem uns 70 anos, e que nas duas últimas décadas foi modernizada e se propagou como uma epidemia por toda América Latina – menos o Brasil, claro… Tudo bem, temos o samba e outros dengos, mas o brasileiro nem desconfia o que está perdendo quando ignora a cumbia.

Então chega de papo. Dê o play no video – e não se esqueça de carimbar novos ritmos latinos em seu passaporte e suas playlists.