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Jóhann Jóhannsson e a música de A Chegada (Arrival)

“A Chegada”, do diretor Denis Villeneuve, conta a história de aliens que aparecem em nosso planeta e da tentativa de se comunicar com eles. Para isso o governo norte americano chama uma linguista (a atriz Amy Adams) que possa decifrar a linguagem dos visitantes e estabelecer contato.

Repare na forma que o compositor islandês Jóhann Jóhannsson escolheu para criar a trilha sonora do filme: usando o canto, em melodias sem letra, explorando apenas as sonoridades possíveis da nossa voz. O resultado se aproxima do minimalismo climático e da ambient music, sonoridades que já foram avant garde mas são muito comuns no cinema atual. Veja os comentários de Jóhann sobre o processo de criação da trilha:

E aqui, umas das músicas do filme, misturando vozes e sons sintéticos:

Björk – Vulnicura (album)

A duende islandesa Björk lançou em janeiro seu nono disco de estúdio, Vulnicura, e foi soltando os clipes aos poucos (já que o lançamento teve que ser antecipado pelo vazamento na rede, e a criação dos mesmos ainda não estava terminada). Produzido a várias mãos pelo venezuelano Arca, pelo britânico The Haxan Cloak (nome artístico de Bobby Krlic) e pela própria Björk, Vulnicura equilibra eletrônica e arranjos orquestrais na mesma dose. Por exemplo, “Family” se inicia com um violino em um tenso spiccato (técnica em que o arco pula seco e rápido entre cada nota), para no minuto seguinte entrarmos em um clima etéreo de ambient music com camas de synths e cordas:

“Black Lake” se inicia com um quarteto de cordas em andamento lento sustentando a melancolia da canção. Beats eletrônicos quebrados vão entrando aos poucos, minimais, sem nunca tomar a música por completo. Tudo é muito esparso, cheio de espaços e respiros, e somente aos quatro minutos a música cresce de verdade e explode – para voltar ao repouso em seguida, como um movimento de marés:

“Lionsong” é uma das canções com melodia mais “assobiáveis” do album. O que não é pouco, em um trabalho experimental e denso como Vulnicura. Assobiável mas com sete minutos de duração. Definitivamente não estamos no território do pop, mas em suas fronteiras:

Junto com o album, The Haxan Cloak foi convidado pela cantora para remixar alguma das faixas, e escolheu “Mouth Mantra”:

Sufjan Stevens – Carrie & Lowell (album)

Sufjan Stevens é um dos artistas que mais admiro no cenário folk/indie que brotou nos EUA nos últimos dez anos – embora sua carreira não se limite ao folk, passeando pelos caminhos da eletrônica e de arranjos orquestrais como em seu “The Age of Adz” (2010). Dono de uma voz cristalina e compositor de mão cheia, Sufjan lançou agora seu sétimo album de estúdio, “Carrie & Lowell”, repleto de referências à sua infância e à sua mãe. São onze canções de instrumentação esparsa (a base dos arranjos são sua voz e seu violão) com uma atmosfera intimista e emocional, mas sem ser derramada.

Abaixo, na ambient music “Fourth of July” os synths criam uma atmosfera onírica, sublinhada pela interpretação carregada de ar e pelos vocais dobrados de Sufjan:

E também “Carrie & Lowell”, com um belo arranjo de violões, e que vai crescendo em elementos eletrônicos muito, muito sutis à medida em que a música avança:

Mos Def • Louis Vuitton “Word” e “Dream”

Em época de Olimpiadas, o rapper norte americano Mos Def (codinome de Yasiin Bey, nascido Dante Terrell Smith) aparece protagonizando o belo filme-tributo da Louis Vuitton para Muhammad Ali, dirigido por Stuart McIntyre da Steam Films para a agência Ogilvy de Paris. Vale a pena notar a entonação e timbre da voz de Yasiin, aveludada e com uma interpretação digna de bons atores. Nos dois filmes para a campanha, “Word” e “Dream”, a trilha sonora segue um caminho de ambient music cinemática e eletrônica, quebrada por um beat (na metade do filme do primeiro filme) e ditada por uma guitarra mínima (no segundo filme). Sutil, o som fica a cargo da canadense Apollo Studios.

Sigur Rós • Rembihnútur

Após lançar o album “Valtari” em maio passado, os islandeses do Sigur Rós partiram para o projeto de lançar um video para cada faixa do disco, intitulado “mystery film experiment“, aonde cada filme é dirigido por uma pessoa ou dupla diferente. Agora é a vez da faixa Rembihnútur, lançado hoje em belo registro preto-e-branco e slow motion, por Arni & Kinski. Aperte o play:

Assista também aos já lançados Ég Anda (direção de Ragnar Kjartansson), Varúð (direção de Inga Birgisdóttir) e Fjögur Píanó (direção de Alma Har’el).

Trent Reznor • A Rede Social (The Social Network)

Dirigido por David Fincher em 2010, “A Rede Social” é a história da criação do Facebook. É um ótimo filme, e sua trilha sonora também. Composta por Trent Reznor, cantor e lider da banda de rock industrial Nine Inch Nails, a música é sutil e não ocupa espaço, mas também não é um mero papel de parede. Repleta de texturas sombrias, essa trilha eletrônica consegue adicionar bastante tensão à trama. Confira:

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