A primeira coisa que me chama a atenção em “Pas Besoin de Permis” é a voz de Vanessa Paradis: rouca, áspera, anasalada, estragada. “Como assim estragada?!” Vozes estragadas são lindas. Das coisas mais sublimes de se ouvir. Pense em Tom Waits, Elza Soares, Macy Gray: seus timbres não são limpos, mesmo que tenham todo o treino e técnica do mundo. E é assim que tem de ser, assim que é bom.

A segunda coisa que me chama a atenção é o arranjo: uma cumbia, com aquela guitarra característica, o trombone tecendo comentários irônicos, a batida hipnótica… Uma cumbia cantada em francês e com um sotaque mais internacional. A composição é de Benjamin Biolay, cantor que está aí desde 2001 quando lançou seu primeiro album Rose Kennedy. Além de dar sua criação para Paradis cantar, Biolay traz sua voz grave para melhor forrar o refrão dessa pequena pérola parisiense:

Ainda sobre a cantora e atriz francesa, é legal ver a diferença entre seu jeito de cantar atualmente e aquela que a tornou mundialmente conhecida em 1988, “Joe Le Taxi“, quando tinha apenas 14 anos.